sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
:: RECONHECIDO ::
Rasgava-se o vento no seu sorriso
Numa ocasião que não premeditei.
Estava só... mas não desviei.
Adiantou-se, então, e disse:
- Eu te conheço.
Qualquer nome, qualquer lugar.
São frouxas as memórias,
Tantos momentos suprimidos...
Muitas vezes se esquecer é preciso.
- Eu te conheço.
Soam velhas boas amenidades,
Nervosos clichês inofensivos,
Nenhuma inédita mentira...
Entre nós dois há um estranho abismo.
- Eu te conheço.
Sua mão me alcança sem relutar,
Meus nervos congelam ao lhe apertar.
A mesma dúvida, o confuso perfume.
O seu sotaque a me exaltar.
- Eu te conheço.
Um ocasional comentário bobo
Foi tudo que usei para me safar
Enquanto no púlpito do meu silêncio
Segredos estavam a reverberar.
- Eu te conheço.
Sem mais perguntas para formular.
Nossos desejos fugiram por um abrigo,
Restando os relógios... em desatino.
"Não ouse me abraçar nesse lugar!"
- Eu te conheço.
Sussurrou-me por fim, ao pé do ouvido,
Quase um beijo, o último ruído.
Fui embora sem sequer lhe dar motivo.
E já não me reconheço.
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