terça-feira, 24 de julho de 2007

:: FIDELIDADE ::

Por não saber por onde avançar,
Não entender o que quer aguardar,
Por tudo que hesita desvanecer...
Eu odeio você.
Eu só odeio você.

Por tragar a minha inocência,
Fazer do meu amor essa ausência,
Por oprimir meus versos sem saber...
Eu odeio você.
Eu só odeio você.

Por preservar sua essência infeliz,
Esses dias que nos tornam tão hostis,
Pelo abandono que me fez esmorecer...
Eu odeio você.
Eu só odeio você.

Por penetrar no azul da inconsciência,
Escurecer na alma sua influência,
Por evitar em mim seu amanhecer...
Eu odeio você.
Eu só odeio você.

Por arruinar a minha confiança,
Desmerecer a nossa aliança,
Que me comove com certa relevância...
E eu nem sei por quê!
Eu só amei você.

Eu odeio, odeio você...

terça-feira, 17 de julho de 2007


:: ESTÁ EM MIM ::

O que está atravessado em mim
Não me remete, nem se enaltece...
Desmorona os meus vigores,
Sempre alerta às minhas dores.

O que está atormentado em mim
É como um mal necessário...
Faz de mim esse desconsolado.
Inapto aos novos sermões.

O que está isolado em mim
Agora enrijece as minhas mãos.
Suplanta os rumores dessa sensação
Que influi nas veias dos meus ais.

O que está desvirtuado em mim
Não obedece a norma dos conflitos.
Avança na esteira do destino
Sem temer os percalços do caminho.

O que está corroído em mim
Tem o gosto de transgressão.
É como uma revanche do coração
Subestimado na sua integridade.

O que está sangrando em mim
Vai escoar os versos e inverdades
Entornados no cálice dos teus lábios
Que imortalizaram o meu espanto.

O que está mudando em mim
Tem a nuance de um desencanto.
É como se eu acordasse antes
De um sentimento que previ...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

:: QUEM DE NÓS? ::

Quem se atreveria retroceder
Sob a influência de um olhar dorido,
Desviado do amor, nem comovido,
Diante de tamanha singularidade?

Eu enxerguei você se encaminhar
Para a noite dos seus novos anos
Onde as estrelas intactas, conspirando,
Luziam imóveis nos meus olhos.

Quem sentiria tamanha impiedade
Em atravessar a lâmina da razão
Desfibrando um neófito coração
Alheio às horas dos seus dias?

Você solveu me riso com magia
Sem prever as matizes do meu jeito.
E tomou do meu universo em degelo
As cores que me causavam receio.

Quem estenderia estranha emoção
Que vai de um para o outro
Onde fenece a mesma vontade,
Onde se rouba o mesmo tesouro?

Eu fracassei nos seus estados.
A Lua, para sempre, dorme no seu halo...
Numa paz sem proclamações,
Inimaginável às nossas paixões.

Quem relutaria erguer a mão
Minando como uma doença
Os graus de uma quintessência
Alcançada por dois corações?

Você se elevou sobre as ruas.
As luzes da cidade são tão frias...
Sua lembrança me resgata nas avenidas
Que a arquitetura da dor me impõe.

Quem tornaria no último momento
Quando duas vozes fluindo no vento,
Se propagam velozes, sem rastro,
Numa direção desconhecida?

Quem de nós dois foi o suicida?