terça-feira, 3 de abril de 2007



:: ILHAS DO ATLÂNTICO ::

As portas vibram nos cômodos vazios
Evadidos da sua presença constante.
Cruzar esses vãos é tão terrificante...
Aquarelas retratam meus novos declínios.

Superar-se é uma virtude bem difícil.
Constatações se confundem com desvarios.
Como dói essa carta em minhas mãos...
A saudade faz de mim o seu princípio.

Não suporto sequer ouvir uns discos.
Toda canção é como um hino de lástimas.
Sua gata mia fitando minhas lágrimas
Que desbotam suas gavetas vazias.

Seu sabonete derrete ainda na pia.
O fio dental esfiapa-se no colchão.
Sobras peculiares da nossa rotina
Que hoje ganharam uma nova dimensão.

Até uma mancha num velho calção
Soa como uma revelação divina!
E logo te encontro nas boas lembranças
Das nossas carícias vespertinas.

Então o futuro toma ares tirânicos.
Nós somos uma promessa desvirtuada.
As lágrimas... são muito mais amargas
Nesse lado dormente do Atlântico.

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