segunda-feira, 23 de abril de 2007



:: UTILIDADES DOMÉSTICAS ::


O Despertador me indagou há pouco
Se existiria alternativa aos sonhos

Que eu cansei de perseguir.


O Rádio de Pilhas me aconselhou
Que durante esses dias medonhos
Será preciso reaprender a sorrir.


Mesas, tombem nesse lugar!
Tapetes, por onde caminhar?
Casa, não há janelas para abrir...

Perguntei a Lavadora de Louças

Se há alguma coisa que eu possa

Carregar sem macular.


A velha Geladeira me consolou,

Lembrando que tudo em volta
Poderia se descongelar.

Garrafas, aliviem minha sede!
Freezer, o que preservar?

Casa, não há ninguém por mim...

O chuveiro elétrico me eriçou os pêlos
Surpreendendo o meu corpo inteiro
Que não esperava se sensibilizar.

O computador formatou meus desejos
Espalhando por aí meus anseios

Que a cama não conseguiu sustentar.


Estante, mate a minha fome!
Espelho, reflita minha alma!
Casa, cansei de resisitir...


A TV me sussurrou ao amanhecer,

Descolorida diante de mim,

Que já não seria tão fácil fugir.

A taça girando sobre o tapete
Tilintou que no outro dia
Tudo aquilo poderia se repetir.

Sala, com quem dividir?
Quarto, está tão frio aqui!
Casa, não me tranque em mim...

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