sexta-feira, 30 de março de 2007

:: DE UMA LETRA SÓ ::

Aleatoriamente eu revolvo
Remotas páginas consumidas
De um roto diário particular.

Alguns nomes e endereços
Refugam a poeira do tempo
Onde a mente hesita resgatar.

Apreendo umas folhas frouxas.
Ali, reencontro algumas notas
Que havia escrito sobre D.

De desejos velados.
Dos desencontros marcados.
Da demorada pulsação.

Ironizo-me e sigo então.
Eu me excito sem saber por quê
Ao me recordar da letra B.

Dos blefes sentimentais.
Das bocas abismais.
Da boemia homérica.

Folheio sem dialética,
Removendo dobras que aparecem,
E, distorcido, eu lamento em F.

Das fantasias literárias.
Das fraquezas ordinárias.
Da febre dos nervos.

De vez em quando a gente teme.
Algumas folhas passaram em branco...
Desertado, eu me desfaço em M.

Das maneiras tirânicas.
Das mudanças românticas.
Das mágoas inermes.

As minhas mãos adormecem.
Não há ninguém entre S e Z.
Retornando, tropeço em P...

Das ponderações racionais.

Suas prudências sentimentais.
Das prerrogativas inconseqüentes.

A ordem dos nomes não importa.
Restou um rabisco em letras tortas,
E, confundido, eu me apago em J.

Dos juízos desmoronados.
Dos júbilos poetizados.
Da juventude em deformação.

As páginas desabam das minhas mãos.
Melhor superar esses delírios vãos
E transcender essa memória de idílio...

De emoções esmiuçadas
Das escolhas transtornadas
Desse Exílio.

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