:: GUARDA-CHUVAS ::
Nessa estação em que me embaraço
Não há sequer um indício convincente
Nas vezes em que espero, reticente,
Por um gesto, uma reação ou um fato.
Falamos de filosofia e suas incongruências.
Das epidemias e suas inconsequências.
Do fascínio da música e da poesia.
Não, não era isso o que pretendia...
Noutra tarde, transgredi com um rubor
Quando ousei mencionar sobre o amor.
Um frio repentino e um arrepio
Foi tudo que teu olhar me provocou.
Será que o inverno e seus rigores
Transtornou o teu contemplar
Sobre as coisas que te segredam
De uma maneira extenuante?
Nesses dias sinto-me destoante
Esqueço dos princípios que defendi.
Aplaudo verdades que desacredito em mim.
Um estranho impulso de preservação...
Que embota e esfiapa sensações
Causando-me uma calma ilusória
Que jamais acorda, somente cora
No breu do meu sentir sem voz.
Por persistir esse receio feroz,
As mentiras são inimigos domesticados.
Eu meço meus modos do seu lado
Como se evitasse um terrível desfecho.
Depois, avançando como quem não devia,
Beijo no seu rosto a minha heresia
Desvirtuada de lamento e pranto,
Sufocando um riso que te causaria espanto.
Quando trovões retumbam as investidas,
É você quem some nas pupilas miúdas
Desferindo essa solidão fecunda
Onde arde a chuva, cai a chuva...
quarta-feira, 25 de abril de 2007
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2 comentários:
Elton,
seus textos são lindos. puxa, como você é inspirado.
sadfairytale
adorei os textos
e os desenhos
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