quinta-feira, 12 de julho de 2007

:: QUEM DE NÓS? ::

Quem se atreveria retroceder
Sob a influência de um olhar dorido,
Desviado do amor, nem comovido,
Diante de tamanha singularidade?

Eu enxerguei você se encaminhar
Para a noite dos seus novos anos
Onde as estrelas intactas, conspirando,
Luziam imóveis nos meus olhos.

Quem sentiria tamanha impiedade
Em atravessar a lâmina da razão
Desfibrando um neófito coração
Alheio às horas dos seus dias?

Você solveu me riso com magia
Sem prever as matizes do meu jeito.
E tomou do meu universo em degelo
As cores que me causavam receio.

Quem estenderia estranha emoção
Que vai de um para o outro
Onde fenece a mesma vontade,
Onde se rouba o mesmo tesouro?

Eu fracassei nos seus estados.
A Lua, para sempre, dorme no seu halo...
Numa paz sem proclamações,
Inimaginável às nossas paixões.

Quem relutaria erguer a mão
Minando como uma doença
Os graus de uma quintessência
Alcançada por dois corações?

Você se elevou sobre as ruas.
As luzes da cidade são tão frias...
Sua lembrança me resgata nas avenidas
Que a arquitetura da dor me impõe.

Quem tornaria no último momento
Quando duas vozes fluindo no vento,
Se propagam velozes, sem rastro,
Numa direção desconhecida?

Quem de nós dois foi o suicida?

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