sábado, 14 de novembro de 2009

RASURAS

Com o constrangimento de quem se engana,
Afasto-me dos sinais da tua mão errante
Buscando sobriedade nesses gestos iniciais.

Comovidos pela cor que vaza nesse alvorecer,
Meus olhos se voltam para o lado de dentro
Repleto de minhas íntimas rasuras.

Eu vejo as circunstâncias mudarem de sentido,
Antevendo no inverso do meu olhar ardido
Os limites ignorados da minha consciência.

É que desisti da ilusão da nossa permanência...
Que se esvai na atmosfera morna dos suspiros
Introvertidos à sombra da minha mão.


Assim, devolvo-me as linhas que eu traço,
Por onde a lágrima secará ressentida
Das coincidências e ausências do último ato.

Nessa página desdobrada em que me desamasso,
Renasço na ironia de um poema egoísta,
Alheio aos versos que eu te prometi.

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