RASURAS
Com o constrangimento de quem se engana,
Afasto-me dos sinais da tua mão errante
Buscando sobriedade nesses gestos iniciais.
Comovidos pela cor que vaza nesse alvorecer,
Meus olhos se voltam para o lado de dentro
Repleto de minhas íntimas rasuras.
Eu vejo as circunstâncias mudarem de sentido,
Antevendo no inverso do meu olhar ardido
Os limites ignorados da minha consciência.
É que desisti da ilusão da nossa permanência...
Que se esvai na atmosfera morna dos suspiros
Introvertidos à sombra da minha mão.
Assim, devolvo-me as linhas que eu traço,
Por onde a lágrima secará ressentida
Das coincidências e ausências do último ato.
Nessa página desdobrada em que me desamasso,
Renasço na ironia de um poema egoísta,
Alheio aos versos que eu te prometi.
sábado, 14 de novembro de 2009
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