quinta-feira, 19 de novembro de 2009

COLCHÃO DE MOLAS

Esgoto meus cotovelos sobre o travesseiro
Adaptando-me à rigidez da minha insônia
Que triunfa na sucata das madrugadas.

Um caco de lua, o coração partido.
Essa luz dos pensamentos tardios
Não dorme na fissura dos meus modos.

Por ti, nesse quarto minguante,
Imprimo na fronha da penumbra
A curva de um abatimento insuportável.

Tudo em volta parecia intransmutável?
Se hoje tombou a última orquídea
Ícone maior do nosso relicário...

Ao pensar nisso, meu corpo se reclina
E tudo cede sobre a cama afligida
Pelas reviravoltas do meu dilema.

Recolhido assim nessa propensão molenga,
Até tento erguer sobre o colchão um novo estado.
Mas logo penso em você... E caio.

2 comentários:

Lorelei disse...

Acorde o menino e deixe o homem dormir. Parabéns poeta!

Patricia disse...

talentoso amigo com o raro dom de transformar as torturas insones da madrugada em deleite literário para todas as horas...
congratulations!