quarta-feira, 12 de maio de 2010
AS FRESTAS MIÚDAS
Dois corpos inermes que se reclusam.
Não há luz ainda, somente frestas miúdas
Espiando o regresso de um sol que silencia.
Enquanto afagas o meu rosto à revelia,
Teus dedos, numa valsa enlanguescida,
Deslizam sobre meus olhos e me flagram.
Um afago, um rastro, uma lágrima...
Minhas memórias nas tuas digitais
Reluzem à meia-luz que nos envolve.
"É mesmo lágrima", você compreende.
Descansa em meu peito sua mão dormente,
Contorcendo em meu corpo sua solidão.
"É a mesma lágrima", a constatação.
Em mim prevalece essa carência confusa,
Ainda mais forte que a minha razão.
Mas não há fingimento, nem mesmo ilusão.
Você ousou aguardar o momento,
Eu alertei que só havia paixão.
Paixão que é fome, nunca alimento,
Issaciável à luz de um sentimento
Que arde além dessas frestas miúdas.
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